o lixo hospitalar


Mais lençóis e fronhas descartados por hospitais dos Estados Unidos foram encontrados no interior de Pernambuco. Neste sábado, técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa) inspecionaram um segundo depósito da mesma empresa que importou os dois contêineres com o lixo hospitalar apreendidos pela Receita Federal, nessa semana, no Porto de Suape. O galpão tem quase o dobro do tamanho da sede da empresa, em Santa Cruz do Capibaribe, e fica em Toritama. As duas cidades estão inseridas no polo de confecções do Agreste do estado e o tecido contaminado era utilizado principalmente para fazer o forro para bolsos e vestidos.

Assim como na sede da empresa em Santa Cruz do Capibaribe, interditada na última sexta, no galpão de Toritama, além de pilhas do tecido de uso hospitalar, havia uma mesa de corte. “Eles descartavam a parte que tinham o nome dos hospitais e faziam os moldes para os bolsos com o restante do tecido. Encontramos vários tecidos com a inscrição de serviços médicos, alguns deles manchados, provavelmente de sangue”, explica Jaime Brito, gerente geral da Apevisa. De acordo com depoimento de funcionários, o tecido era cortado e vendido para fábricas de confecção, sem passar por nenhum processo de lavagem.

Estima-se que no depósito de Toritama havia 23 toneladas do lixo hospitar — aproximadamente, a mesma capacidade de cada um dos contêineres apreendidos. “O
local tinha uns 400 m2, bem maior que a sede da empresa, que deveria ter 250 m2”, comenta Brito. Nos documentos da importação realizada pela empresa Na intimidade, o destino declarado era apenas o endereço da empresa em Santa Cruz do Capibaribe. “No entanto, em outros arquivos da Receita Federal, foi identificado que a mesma empresa tinha uma filial em Toritama e decidimos checar”, detalha o gerente geral.

Os dois pontos foram interditados e amostras dos tecidos foram coletadas para serem encaminhadas ao Instituto de Criminalística (IC). “Queremos saber qual o nível de contaminação dessas peças”, diz Jaime Brito. A Polícia Federal está investigando o caso, mas nenhuma informação foi repassada à imprensa. De acordo com Brito, o dono da Na intimidade ainda não foi localizado. “O advogado da empresa diz que ele está em viagem por Maceió”, conta.

Mais 14 contêineres, possivelmente carregados do lixo hospitalar, deverão chegar ao Porto de Suape. O alerta foi dado pela transportadora marítima Hamburg Süd, porque a carga foi exportada pela mesma empresa que enviou o material interceptado nessa semana. Os contêineres já saíram do Porto de Charleston, na Carolina do Sul, mas como o trânsito ainda não foi confirmado pela sistema da Receita Federal, não se sabe quando chegarão ao Porto de Suape. Mesmo assim, o órgão já está monitorando as cargas.

O primeiro contêiner com o lixo hospitalar proveniente dos Estados Unidos foi descoberto pela Receita Federal na última terça-feira. Nos documentos da importação, a carga era descrita como “tecido de algodão com defeito”. Um dia depois, um novo contêiner, com carga semelhante, envolvendo as mesmas empresas na exportação e na importação, foi identificado. O dois contêineres somam um volume de 46,6 toneladas, que além dos lençóis, tinham toalhas de banho, cateteres, luvas e seringas. A carga foi inspecionada e lacrada pela Anvisa.

Ainda está sendo avaliado se o material será incinerado ou enviado de volta aos Estados Unidos. Antes do esquema ser descoberto pela Receita Federal, a empresa Na intimidade conseguiu importar neste ano, seis contêineres contendo a mesma descrição. A empresa tem 1,5 ano de atividade, segundo a Apevisa.

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